A imagem do cachorro de cor preta geralmente é vista de
forma negativa pela sociedade. Sempre gerando medo e desconfiança, grandes cães
negros eventualmente são vítimas de violência nas mãos de pessoas que os
associam a seres demoníacos. Isso se deve ao fato de monstros e demônios com a
forma de cão, sempre terem feito parte do imaginário popular.
O animal de má fama
Desde o início da sociedade humana até os dias atuais,
houveram relatos sobre deuses, monstros e demônios com forma de cachorro,
capturando almas e as levando para o mundo das trevas. No Antigo Egito o deus
Anúbis, guardião e condutor para o outro mundo é representado por um chacal ou
por um homem com cabeça de chacal. Na mitologia grega a deusa Hecate tem como mascote,
Cérbero, o terrível cão de três cabeças que é o guardião dos portais do
Tártaro. Na mitologia pré-islâmica, há três interessantes representações do
cachorro como um ser sobrenatural. Primeiro como um fiel companheiro do homem,
em uma lenda ele é criado por Deus para proteger Adão e Eva de animais que
foram convocados por Satanás para atacá-los. Em outra, ele é feito do mesmo
barro que Adão, tanto é assim que a palavra sag (dog) deriva do
termo she-yak (o terceiro, um terceiro) que indica o senso de humanidade
do animal. Mas em um outro mito ele surge como um resultado dos pecados dos
homens. Hoje em dia, cães demoníacos são mais comumente mencionados pelo folclore
Inglês, onde são conhecidos como Barghest.
Observações de sítios arqueológicos indicam que o homem primitivo
usava o cachorro para destruir cadáveres. Os romanos por exemplo, os usavam para
devorar os mortos sem nenhuma importância que não mereciam um enterro melhor. Isso deve ter conectado a ideia de que o cão também estava devorando a alma do morto e por
isso, com o passar do tempo o cachorro, principalmente o de cor negra, passou a
ter uma percepção muito negativa pela sociedade. Havia um decreto do profeta
Maomé que mandava matar todos os cães que fossem totalmente negros. E com o
desenvolvimento do cristianismo, eles passaram a ser cada vez mais associados
com o pecado, a prostituição, o mal e as trevas.
O monstro
Cães das Trevas são descritos como enormes cães totalmente
pretos ou vermelhos como o sangue, com grandes olhos vermelhos ou de um amarelo
alaranjado como chamas, possuem um forte cheiro de enxofre e pelo eriçado. Eles
são vistos em locais isolados como trilhas, encruzilhadas, sítios
pré-históricos, igrejas abandonadas, cemitérios e necrópoles. São dotados de
habilidades incríveis como força e velocidade muito acima do normal, podem
passar através de objetos sólidos, desaparecer, se auto-incendiar, cuspir fogo e
falar como os humanos. Cães negros podem ter cabeças e pernas humanas ou de
outros animais mas também há relatos de cachorros sem cabeça e até mesmo com
duas ou três cabeças. Nas lendas eles estão geralmente relacionados ao inferno,
como sendo guardiões de suas rotas ou mesmo seus emissários e costumam aparecer
para levar as almas dos condenados. Nessas histórias dizem que se alguém, mesmo
que seja um inocente, encara-los nos olhos por três vezes certamente irá
morrer.
O registro mais antigo de sua aparição data de 1127, quando
dois padres viram caçadores montados em animais totalmente negros que eram uma
estranha mistura de cavalo e bode, seguidos por uma matilha de cães negros com
horríveis e enormes olhos brilhantes. O pior relato é de 1157, quando
houveram ataques dessas criaturas durante duas missas. Em ambos os locais houve
morte e sinais de arranhões nas portas das igrejas.
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